sábado, setembro 21, 2013

A FÍSICA DO SER

Se vejo sombra é porque diante, à frente ou atrás, do objecto há luz. E se o objecto for eu e não vislumbrar a luz que reflicto mas que, em parte, me trespassa? E se, visto de cima, eu for sempre metade luz e metade sombra, mas os meus olhos virem diferentes ângulos, entre 0 e 180º de sombra ou luz, complementares, consoante me vou virando na tábua bidimensional dos 360º, mais ou menos encarando a fonte luminosa? E se eu tiver a força de me lembrar que também sou tridimensional e que visto de cima sou metade luz, metade sombra? E que, consoante me viro, posso ver mais ou menos luz que não só reflicto, mas também integro, e assim, mesmo no ângulo bidimensional completo dos 180º da sombra continuar a receber e reflectir luz, ainda que não a veja atrás? Logo, sou feito da mesma luz que recebo e me projecta, mesmo quando tenho os olhos apenas virados para o escuro.

O mesmo princípio no objecto em que viajo: ao girar, vai variando meridionalmente nos lugares de luz e sombra, porque apenas um sol o ilumina, mas mantendo sempre as suas metades complementarmente coexistentes. Sem me movimentar, terei a Terra a fazer por mim, com mais evidência nos pólos, o tic-tac do jogo luz-sombra, em movimento constante.
Mas... E se subir e subir para um sítio onde existe mais do que um sol à minha volta, fazendo com que a luz incidente de um em mim projecte a sua sombra na luz de outro, transmutando-a novamente em luz sem que chegue sequer a ser sombra?
E se o objecto que eu sou for um prisma que refracta a luz branca nas cores do arco-íris? E que, consoante o ângulo da luz que me incide, sou mais ou menos azul, verde, amarelo, laranja, vermelho, violeta ou índigo?

E se eu tiver outros objectos que, através da sua face luminosa, projectem em mim a luz e as cores que recebem, são, refractem e reflectem? Cada um evidenciará em mim uma parte do seu espectro, diferentes cores refractadas em consequência do ângulo da luz que os atinge, conforme estão posicionados. Serão essas as cores que verão ao vislumbrar-me, ou possivelmente a mistura decorrente da intersecção de espectros refractados por outros prismas circundantes.
E se eu poder escolher esses objectos e os que me rodeiam? E se todos decidirmos projectar as nossas luzes e cores uns nos outros, e não as nossas sombras, em diferentes ângulos complementares? Como se à volta da Terra houvesse mais do que um sol e o dia fosse uma constante em todos os lugares. Penso que todas as sombras seriam transmutadas em luz. Mas daríamos o mesmo valor à luz? Ou damos mais valor à luz ou à sombra, porque de uma delas temos que abdicar? Afinal, as escolha que fazemos, que só existem por causa das coexistências, são glorificadas por acontecerem em prol de bens maiores. E são maiores porque outros bens existem, mas para nós, menores, embora igualmente grandiosos para afirmar e enaltecer o que somos, já que sem eles não teríamos escolhas. O que seríamos sem elas? Alguma coisa? Esta é a fonte do amor incondicional: percebermos que só somos luz porque há sombra ou que somos sombra porque há luz.

Obrigado a todos que, embora aqui em baixo, incidem diferentes ângulos da sua luz em mim, lembrando-me cada cor que sou e que a minha sombra pode ser temporária e metamorfoseada em luz. Mas, acima de tudo, por me lembrarem que é possível trazer aquele sítio de lá de cima, onde há apenas luz à minha volta, cá abaixo, permitindo-me viver na luminosidade e assim evitar a fotofobia de quando se vive constantemente às apalpadelas no escuro. Obrigado aos que continuam a projectar-me a sua luz na sombra das minhas costas e na sombra de outros em mim. Obrigado também aos que projectam mais da sua sombra do que da sua luz em mim, pois fazem-me lembrar que prefiro a claridade à escuridão.
Sem vocês, não veria as cores e luz que sou cá em baixo. Sem vocês, não me aperceberia que, até aqui, posso ser apenas luz, bastando escolher quem projecta a sua luz em mim em diferentes ângulos. São vocês o farol que, sem me decidirem o caminho, ajudam-me a vislumbrar aquele que quero seguir, especialmente quando estou perdido no escuro. Sem vocês não poderia regressar a casa sem viajar na vertical. Afinal, a minha terra do nunca pode ser aqui e agora.
 
 

Prefiro amar-te medroso a deixar-te por medos
A desistir que seja por razões em vez de receios
Mas amar-te sem razões
Trazendo-te em mim
Levando-me tu em ti
Somos dois
Um e o todo
Condensamo-nos aqui
E evaporamo-nos além
Parando o tempo...
E intersectando todo o espaço
Em êxtase simbiótico
De amor acima dos limites
Que simplesmente surge
Amor por amor
Livre de artefactos
Solto no fluir de acontecer
Na sustentável leveza do ser
Amor mais ausente de explicações do que presente delas
O caminho?
Faz-se caminhando
Os medos?
São o sal dissolvendo-se na existência
E as razões trampolins mais invisíveis do que visíveis
Na transcendência orgânica
Vida em cor de rosa que desce do infinito
Que somos
Eu, tu, nós
Do começo ao fim
Porque não somos de ontem
Nem de hoje ou amanhã
Somos sem razões e com cada vez menos medos
A cada subtracção
Mais um degrau somado
Na direcção do amor maior de todos
Multiplicando-nos sempre
A cada passo no que somos e queremos ser
Fazendo História em vez de estórias
Mas... Se me deixares ir por medos
Bato o pé
Porque o amor é o escudo e arma contra eles
Metamorfoseando-os
Ainda que os abranja
Porque o amor
O maior de todos
(no fundo, um pleonasmo)
É Tudo!

quarta-feira, abril 03, 2013



I know

I know these days have been hard
And when we think
They have been hard enough
They become even more challenging
But when I think of the future
And I don´t know what it holds for us
I know I would love you to hold me
Softening tough days
And to hold you
Making winter into summer
While stopping the clock
And transmuting silence to music
So we could hold the future for us.
I don´t even know if you like me
In a similar way I am falling for you
Although I don´t know you well
And all the time to spend together
Is now only in my mind
And its willingness palpitating melodically
Through my heart in the air
And despite all these knows and don´t knows
May sound odd
I thought you would be happier
To know that I know you make me happier
Just because I finally know you do exist.


When you leave safety behind
And take off to the unknown
That's courage

When you land and smile
Just because of landing
That's hope

When you follow your feelings for someone
And not someone
That's freedom

When you wait days just for one call
And your heart smiles when you receive it
That's spontaneity

When your open eyes see gray
And your closed eyes glimpse a kaleidoscope
That's dreaming

Following a dream without catching it
And still being straight up on the curves
That's a warrior

When you get a fulfilled day
After weeks of absence
That's intemporality

When you don't touch who sleeps with you
So they will sleep with you again
That's respect

When you still like
Despite the rational reasons to run away
That's unconditional

When you can not explain why you love someone
You just love
That's simplicity

When courage, hope
Freedom, spontaneity,
Intemporality, dreaming,
Warrior, respect,
Uncondition and simplicity
Are the letters of one word
Well, that word is love
But love is just love
Even when it is only for yourself
And life pushes you away
Because one love moment lasts forever
Even though you don't want to make it life anymore
It is always a reachable state of mind
Whenever, however, wherever
Since you dared to live it!

quarta-feira, junho 20, 2012

Can anyone tell me if there is any virus around infecting brains? Can anyone get me the antiviral? Anyway, I would like to present you my 'be a jerk' manifest. I am glad I'm a jerk because we jerks try to talk, understand and sort things out without offending. We jerks believe in good. We jerks respect others without disrespecting ourselves. We jerks keep our values even when we loose and we don't become arrogant when we win. We jerks are brave to follow our dreams. So I hope you are a jerk too because jerks make this world better. We need more jerks. Be a jerk! Please.

terça-feira, junho 12, 2012

How I was when I was 19... I am glad I still am those words, although in different poems and writings as clouds and tracks of poetry left in the air of the world and streets of life: 


ANTHEM TO LOVE

A ballad given rithm by my chest
echoes my soul and hatches these signs
that are the highest pitch
of this melody orchestrated by my senses.

Those first words, that first eye contact,
dive, sigh, touch, hug, kiss, night...
They are the authentic musical notes
composing this chord called love.

It is the treble clef assigning
the tone, independent of the time,
to each musical note dancing in this winding stave.

Oh deafs for love, the heart is
composer, conductor and Universal instrument!
Devour music! Live! Don't merely exist!



terça-feira, maio 15, 2012

'Do not educate your child to be rich, educate him to be happy. So he will know the value of things and not their price'.


'Não eduques o teu filho para ser rico, educa-o para ser feliz. Assim ele saberá o valor das coisas e não o seu preço'.


Max Gehringer



terça-feira, maio 01, 2012

'You flow into me and I Ocean... I forget love is almost a pain.

 Voce desagua em mim e eu Oceano... Esqueco que amar e' quase uma dor.'



segunda-feira, março 19, 2012

The human being becoming bird and eternal beyond the clouds... The human who, after writting his future, saw the stars and the lighthouse last night and vanished into the Universe. Because people tend to think they are weaker if they show their feelings. I tell you, today I know we are much stronger when we do it! Shame is not expressing ourselves and giving up! More than shame that is less happiness (not to say sadness). That is wasting a great opportunity of embracing this life. Because you will live more lifes but this one you will live only once, now... 
18 + 3 + 12 = 33

Night came down dark
Fearless I rode through its blind spots
Day awakened foggy
I recharged my hope stores at the gloomy beach
Wind was digging the sand underneath my roots
Waves were dramatically playing the soundtrack
My pulse was the maestro setting the pace
I kept climbing the wild hill
Away from the cement steps
(there is always a lighthouse at the top)
My clothes were being torn by clouds' tears
My feet getting feathers and my arms wide open
As I went further up the hill, naked and barefoot
The sky behind the fog was happily blue
And the Sun was there smiling.

When I became silly
I turned myself happier
When happierness tuned my colours
I wasn't affraid of dying
When I got fearless of death
I became free
I could truly live
When I truly lived
I loved from the soul
And I didn't want to die.
Either way I took off my clothes
I walked beyond the clouds
Was up lifted and warmed by the Sun
Vanished into the infinity
Found my home and became eternal.

(18 + 3 + 12 = 33)
(33 = 11 + 11 + 11)
(11 : 11 = 1)


quinta-feira, março 15, 2012

São pequenos vazios que vão sendo preenchidos por pequenos cheios (de nada, no fundo, ficando cada vez mais esvaziados), sem dar espaço e tempo para que nos esvaziemos de facto por completo e assim possamos ser preenchidos plenamente.

sábado, fevereiro 11, 2012

14 - 02 - 12 = 0

Point zero.
The eyes are the mirror of the soul
Mine might be suspended in the air
They still stare beyond the horizon.
Skies' crying cleans souls' dust, sadness is not hopelessness.


Point zero.
Even damaged clocks are right at least once a day,
It feels so good when human time is stopped
By letting us float freely in the neutral gravity of the Universe
Where all is nothing and nothing is all.


Point zero.
I might bend down, but I don't get broken by falling
Because I am a leo, a taurus, a virgo
And a rainbow warrior making his wonderland
With love arrows and bubbles of smiles.


Point zero.
A round number of transition, between minus and plus,
Sadness and happiness, darkness and light,
Pause and dance, fear and love...
The defining point of cycles and symmetries, of what it is...


Point zero.
"I died as a mineral and became a plant
I died as animal and became man,
What fear I then as I cannot diminish by dying?"
Die, reborn, defy, reinvent yoursef!



Calm, but vibrant...

Point...?

sexta-feira, abril 29, 2011

Por entre a poeira das prateleiras da memória, reencontrei esta alegre nostalgia :)





Una palabra no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
igual que el viento que esconde el agua
como las flores que esconde el lodo.

Una mirada no dice nada
y al mismo tiempo lo dice todo
como la lluvia sobre tu cara
o el viejo mapa de algun tesoro.

Una verdad no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
como una hoguera que no se apaga
como una piedra que nace polvo.

Si un dia me faltas no sere nada
y al mismo tiempo lo sere todo
porque en tus ojos estan mis alas
y esta la orilla donde me ahogo,
porque en tus ojos estan mis alas
y esta la orilla donde me ahogo.

sábado, abril 16, 2011

Sou epiléptico, porque por vezes tenho soluços mentais, mas até os relógios avariados estão certos pelo menos uma vez por dia...

sexta-feira, março 18, 2011

Perguntaram ao Dalai Lama:
'O que mais te surpreende na humanidade?'

Ele respondeu:
'Os Homens...
Porque perdem a saúde para ganhar dinheiro e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer... E morrem como se nunca tivessem vivido'.



domingo, dezembro 19, 2010

O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.

Martin Luther King

quinta-feira, novembro 11, 2010

Todos os humanos têm os seus mecanismos de descarga emocional. Há quem lhes dê para a urticária, há quem lhes dê para ter palpitações, há até quem tenha desmaios e soluços. E há aqueles que precisam de uma sanita. Merda, já devia ter percebido antes a metáfora por detrás disto: 'caga'! Caga e liberta-te desses efeitos de correlação e causalidade. E eis uma dualidade interessante: correlação e causalidade... Faz lembrar a chave na ignição e o funcionamento do carro. A chave é apenas parte da correlação. Se algo é a causalidade, somos nós. Por isso, temos a capacidade de... Cagar! E chega de conversa de... Merda!

quinta-feira, novembro 04, 2010

Por entre as linhas desta pauta, arranho os céus, paro os ponteiros do relógio, lembro-me que respiro... No lar eterno do amor e da amizade, construído a partir das fundações e não do telhado, cujas portas dão para o jardim onde nos tornamos pó e do pó nascem as sementes mãe das árvores tão velhas quanto nós... E oiço, oiço e volto a ouvir estas notas e arranho e arranho os céus e volto a... Evaporar-me por todo o Universo, em liquidez que paira. Simplesmente paira. No ar.


sábado, julho 17, 2010

Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.

Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ‘stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando!

Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro!
Tornai Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!

Fernando Pessoa, in
Cancioneiro

sábado, maio 08, 2010

sexta-feira, março 19, 2010

HIERARQUIA


in www.devaneiosdesintericos.blogspot.com,
cujo fundador é uma amizade com quase 16 anos. Bem hajas, amigo.

Detesto escrever. Adoro ter escrito.

Dorothy Parker

quinta-feira, março 18, 2010

PEREGRINAÇÃO

A peregrinação é misticismo extrovertido, tal como o misticismo é a peregrinação introvertida.

Anónimo
A PROSTITUTA EM NÓS

Dentro de cada uma das nossas psiques reside um elemento da prostituta - uma parte de nós que seria possivelmente comandada pelo valor financeiro apropriado. Quer a nossa prostituta íntima venha ao de cima em contactos de negócios ou nas relações pessoais, é inevitável que nos deparemos com ela.

Carolyne Myss

domingo, março 14, 2010

Charles Spencer (aka Charlie Chaplin) e as Oito Verdades do Amor


Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto. E então, pude relaxar. Hoje sei que isto tem um nome...
Auto-estima.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha angústia e o meu sofrimento emocional não passam de sinais em como estou a ir contra as minhas verdades. Hoje sei que isto é...
Autenticidade.

Quando me amei de verdade, deixei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo a isto...
Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou que a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disto é...
Respeito.

Quando me amei de verdade comecei a livrar-me de tudo o que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. No início a minha razão chamou a esta atitude egoísmo. Hoje sei que se chama...
Amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isto é...
Simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, assim, errei muito menos vezes. Hoje descobri a...
Humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar a reviver o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, mantenho-me no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isto é...
Plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode atormentar-me e decepcionar-me. Mas quando a coloco ao serviço do meu coração, ela torna-se numa grande e valiosa aliada. Tudo isto é...
Saber viver!!!

quarta-feira, março 10, 2010


To be or net to be.

By Dartaspeare

sexta-feira, março 05, 2010

Ahahah

Everyone has a story to tell

Se não a primeira, uma das primeiras faixas (desta) banda sonora... =)

E a primeira profissão que quis ter foi maquinista de comboios... Lelelele...

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

sábado, janeiro 16, 2010

Abrir uma escola é fechar uma prisão.

Victor Hugo

quinta-feira, janeiro 14, 2010

sábado, dezembro 26, 2009

AVATAR

avatar
(francês avatar, descida, do sânscrito avatara, descida do céu para a terra de seres supraterrestres)
s. m.
1. Rel. Na teogonia bramânica, cada uma das encarnações de um deus, especialmente de Vixnu, segunda pessoa da trindade bramânica.
2. Fig. Transformação que ocorre em algo ou alguém. = metamorfose, mutação
3. Inform. Ícone gráfico escolhido por um utlizador para o representar em determinados jogos e comunidades virtuais.

Pelo trailer, parece mais um mero filme de guerra... É muito mais do que isso! É um salto da curva de qualidade descendente a que Hollywood nos tem habituado nos últimos anos (salvo em época de Oscares), em termos de argumento (afinal, o mais importante nos filmes). É o melhor filme de ficção/fantasia que vi! Nem precisou de uma grande banda sonora... Porque sendo de ficção, é tão possível e actual... No conteúdo e na forma, na concretização e nos valores subtilmente (ou não) expressos! Afinal, se o argumento é o mais importante num filme, o nosso espelho é o mais importante no argumento, e no espelho os nossos sentimentos e valores...

Pelo menos duas palavras escondidas... !?

clima <> tempo … essencial <> principal … prazer de ser <> prazer de estar … vibrar <> tremer … incorporar-se <> sair de si … condensar-se <> evaporar-se … alimento <> droga … diluição <> absorção … liberdade ligada <> liberdade presa … felicidade <> alegria … oceano <> lago … espírito de estado <> estado de espírito … paisagem <> cenário … transversal <> vertical … endorfina <> adrenalina … espontâneo <> impulsivo … vida <> momento … canção <> refrão … pinheiro <> estrelícia … oxitocina <> dopamina … álbum <> canção … montanha russa <> praia com brisa … carreira <> concerto … corpo <> volume … recordação <> lembrança … aparição <> espaço … linha <> recta … de dentro para fora <> de fora para dentro … molhar <> encharcar … caminho <> meta … poesia <> prosa … família de palavras <> campo semântico … universo <> galáxia … coxear <> bengala … fluxo <> vazio … coração palpitante <> coração embriagado … energia <> força … escada <> patamar … sinergia <> simbiose … centro de saúde <> hospital … salto <> trampolim … imperfeição perfeita <> perfeição imperfeita … gostar <> adorar … meio <> fim … adulto criança <> criança adulta … estabilidade instável <> instabilidade estável … sentir <> tocar … das fundações <> do telhado … psicológico <> emocional … cair e levantar <> levantar e cair … pertencer <> possuir … absoluto <> relativo … pára-quedas <> queda livre … quarto crescente <> quarto minguante … conteúdo <> forma … curar <> tratar … maratona <> corrida de 100 metros … lealdade <> fidelidade … união <> ligação … brisa <> vento … olhar <> ver … escutar <> ouvir … compreender <> aceitar … eterno <> imortal … alma <> espírito … transpirar <> suar … reforço <> exagero … pleonasmo <> hipérbole … sorrir <> rir

PS - Ainda sem capacidade de agarrá-las e construir um poema... Ou uma amostra de... Ainda...

segunda-feira, novembro 16, 2009

MANIPULAÇÕES, DISPERSÕES E OUTRAS ÕES

Encontrei neste video o que penso e tenho transmitido sobre a (excessivamente) mediática 'gripe porcina' (ahah).
A título de apontamento e em analogia, sabiam que a malária mata mais pessoas do que a sida anualmente? Pessoalmente, não tenho medo da morte, mas quantas estórias ficam por contar? Como podemos estar bem connosco se não empatizarmos com o que e quem nos rodeia, ou seja, colocarmo-nos no seu lugar?
Aproveito também para aconselhar o visionamento do filme Fiel Jardineiro, um verdadeiro murro no estômago que conseguiu tirar-me o sono e um aflitivo alerta para o facto de meia dúzia continuar a gozar e a aproveitar-se de milhões.
A verdade é que nets, media, publicidade (efectivamente, mais propaganda do que publicidade), filmes, venda (e venda não implica obrigatoriamente aquisição) de sonhos materiais, as mamas da Paris Hilton e afins são autênticos manipuladores que desviam (excessivamente) a atenção do que é essencial e nos dispersam e enfraquecem enquanto força de união, que pode tornar este mundo... Um mundo melhor. E não me refiro apenas à distribuição justa da riqueza palpável (em todos os espectros - alimentação, saúde, habitação, etc) mas principalmente aos valores espirituais (que não devem ser confundidos com religiosos), onde a educação tem um papel preponderante. Conhecimento não é sabedoria. Educação não é formação. Inteligência é racional, mas também, e muito, emocional.
Mas... Continuo a ter esperança.

terça-feira, novembro 10, 2009

Até os relógios avariados estão certos duas vezes por dia.

domingo, outubro 18, 2009

O medo é uma pré-ocupação.
(a frase tem 5 dias; a fotografia encontrada e 'postada' algures durante o banco de Pediatria :o)

sexta-feira, outubro 02, 2009

Na poeira do tempo e das memórias, reencontrei este sopro e rasgo de ser:

You can not find peace by avoiding life, Leonard

Virginia Woolf (Nicole Kidman), in The Hours

domingo, agosto 23, 2009

domingo, agosto 16, 2009


A nostalgia é a ressaca da felicidade.
E a esperança da sua reaparição.

(Sem abuso no uso: felicidade e amor são universais na quantidade e na qualidade; se adjectivados como grandes ou verdadeiros são pleonasmo da banalização do uso da palavra, porque a felicidade e o amor são grandes e verdadeiros por si. São pedaços de Nirvana da 'Terra do Nunca' como a espuma da água do mar, materializados nos momentos de vida, nos quais o pleno se enche de nada e o vazio se despeja de tudo).

Até já, felicidade.

sábado, agosto 01, 2009

Espertos e Inteligentes

Os espertos colhem frutos. Vivem no ponto cronológico, aqui, evidente e insustentável.

Os inteligentes vão colhendo frutos. Vivem na cronologia, além, inevidente e sustentável.





PS - Tenho pim-pu-netado pouco? O silêncio contido da palavra não expressa é tão ou mais importante que o silêncio incontido da palavra expressa. O contido o cimento e o incontido o tijolo. Como se o contido fornecesse o lado incontestável do incontido? Creio que sim. Equilíbrios desejáveis...

quarta-feira, maio 27, 2009

A des - ilusão é um sonho interrompido.
União e prisão.
Liberdade e libertinagem.
Sentido confuso e absurdo.
Desordem organizada e anarquia.
As coincidências são

vultos viajantes que trazem malas com sentidos e verdades.



Mantém-te

atento.



Abre as suas malas. Os vultos ganharão


corpo, face e destino.


A angústia de uma dúvida custa mais do que a dor de uma certeza.
Os guerreiros também precisam de paz. Mesmo os do arco-íris.

sábado, maio 23, 2009

A l'envers, à l'endroit, à l'envers, à l'endroit



On n'est pas encore revenu du pays des mystères
Il y a qu'on est entré là sans avoir vu de la lumière
Il y a là l'eau, le feu, le computer, Vivendi, et la terre
On doit pouvoir s'épanouir à tout envoyer enfin en l'air

On peut toujours saluer les petits rois de pacotille
On peut toujours espérer entrer un jour dans la famille
Sûr que tu pourras devenir un crack boursier à toi tout seul
On pourrait même envisager que tout nous explose à la gueule
Autour des oliviers palpitent les origines
Infiniment se voir rouler dans la farine

A l'envers, à l'endroit, à l'envers, à l'endroit
A l'endroit, à l'envers, à l'envers, à l'endroit

Y'a t'il un incendie prévu ce soir dans l'hémicycle
On dirait qu'il est temps pour nous d'envisager un autre cycle
On peut caresser des idéaux sans s'éloigner d'en bas
On peut toujours rêver de s'en aller mais sans bouger de là

Il paraît que la blanche colombe a trois cents tonnes de plombs dans l'aile
Il paraît qu'il faut s'habituer à des printemps sans hirondelles
La belle au bois dormant a rompu les négociations
Unilatéralement le prince entame des protestations

Doit-on se courber encore et toujours pour une ligne droite ?
Prière pour trouver les grands espaces entre les parois d'une boîte
Serait-ce un estuaire ou le bout du chemin au loin qu'on entrevoit
Spéciale dédicace à la flaque où on nage, où on se noie
Autour des amandiers fleurissent les mondes en sourdine
No pasaran sous les fourches caudines

A l'envers, à l'endroit, à l'envers, à l'endroit
A l'endroit, à l'envers, à l'envers, à l'endroit

Só existe vento favorável para o marinheiro que sabe para onde quer ir.

quinta-feira, abril 02, 2009

VESTIDO DE NOIVA

Um acidente. Dizem que quando uma pessoa morre a vida lhe corre perante os olhos. Em estilhaços de sentidos.

Onde está a realidade?
De quem é a memória?
O que é a alucinação?


Vou lá estar... algures. :o)

Podem reservar comigo.


sexta-feira, março 06, 2009

NOVOS PARADIGMAS (POR VIA DOS EXCESSOS)

Não sou apologista de fundamentalismos e, indenpendentemente dos benefícios (inegáveis, como a publicação desta opinião ou, em versão digital com poupança de árvores, post) do info and net (work) world, o certo é que este tem conduzido a novos modelos de estar e de interagir, nem sempre objectiva ou subjectivamente lineares (eufemismo para vantajosos).

Pessoalmente, deixei de ter ligação constante à Internet (i.e., na residência habitual) no final de 2006, apesar dos actuais preços irrisórios. Em 1997, cheguei a fazer com que a minha mãe pagasse 30 contos pela nova ligação. Fala-se muito nas toxicodependências. E outras dependências? O jogo, o sexo, a Internet... Sobre esta última, gostaria de ter feito ou de vir a fazer um trabalho de investigação. Pela constatação dos impactos explícitos e implícitos nos outros e porque há uns anos, quando chegava a casa, a primeira coisa que fazia era ligar o computador. O mesmo ao acordar, desleixando-me na alimentação, no sono, nos passeios, na cultura, nas amizades. Sim, nas amizades, porque a ideia de que a Internet aproxima é relativamente aparente (o que daria para uma discussão em dezenas de páginas de um trabalho de investigação): as recordações que tenho nasceram in real e não in vitro (leia-se virtual). Ou seja, não será o tempo despendido na Net (alusão à simplificação) tempo perdido para ganharmos lembranças? Volumes, espaços e lembranças com corpo: aparições, presenças e recordações. Porque estas vivem essencialmente de cheiros, olhares, gestos, luzes, sombras, fluxos que nos aparam, envolvem no vazio... De um todo. E não tanto de pontas de dedos e um ecrã, solitários. E, afinal, a felicidade tem que ser baseada na verdade e no real. A alegria é outra coisa.

No último dia 26 de Fevereiro, foi publicado no Diário de Notícias um artigo que resume muito do que penso há uns anos sobre o assunto, nomeadamente sobre a influência da Net nos processos mentais (que englobam, claro, os racionais, os emocionais...), com as devidas consequências. Extractos:

- 'O Facebook e o Twitter estão a mudar a forma como pensamos (...) literalmente';

- Susan Greenfield, uma prestigiada neurologista, defende que 'os efeitos culturais e psicológicos das relações online vão mudar o cérebro das próximas gerações: menos capacidade de concentração, mais egoísmo, dificuldade de simpatizar com os outros e uma identidade mais frágil';

- 'Portugal é o terceiro país Europeu que mais utiliza as redes sociais na Internet';

- 'a exposição das crianças à rapidez da comunicação pode acostumar o cérebro a trabalhar em escalas de tempo muito curtas e aumentar os distúrbios de défices de atenção';

- 'preferência pelas recompensas imediatas, ligada às áreas do cérebro que também estão envolvidas na dependência de drogas (...) vai-se mais atrás do prazer rápido';

- 'Nas crianças, aquilo que é óbvio é que as novas formas de comunicação, menos presenciais, criam um modelo de interacção menos humanizado, muito menos rico a nível emocional, já que a capacidade de sentir o outro é limidada, ou seja, a capacidade de desenvolver empatia também pode ser afectada';

- 'Há pessoas que privilegiam a conversa atrás do teclado, onde podem ficar escondidas. Por isso, apesar de aparentemente facilitar a comunicação, acaba por simplificá-la demais'.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

IMPreFEIÇÃO PERFEITA

Que sejamos perfeccionistas já que não somos perfeitos.

A felicidade não é o destino. É o caminho.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

ESTADO DE ESPÍRITO? ESPÍRITO DE ESTADO?

Se disser que gosto de ti
é coragem.
Se disser que sou feliz sem ti
é dizer que sou menos feliz sem ti.
Se disser que quero ficar contigo

é escolher o eterno melhor do bom.
Se disser que é muito o que gosto de ti
é pleonasmo.

És Pretérito Imperfeito
primeira pessoa do singular.
Também imperfeição perfeita

Presente do Indicativo: gosto.
Uma luva com sete e um dedos
três invisíveis
mesmo formato da minha mão
mas mais pequena.

Não queria e menos esperava

Aconteceu.
E agora?
Retricotarás tu a luva que és?
É o amor irracional?
A-penas?

Era
de oito deitado.

domingo, janeiro 04, 2009

ELECTRICITY

I can't really explain it, I haven't got the words
It's a feeling that you can't control
I suppose it's like forgetting, losing who you are
And at the same time something makes you whole

It's like that there's a music, playing in your ear
And I'm listening, and I'm listening, and then I disappear
And then I feel a change, like a fire deep inside
Something bursting me wide open, impossible to hide
And suddenly I'm flying, flying like a bird
Like electricity, electricity
Sparks inside of me, and I'm free, I'm free
It's a bit like being angry; it's a bit like being scared
Confused and all mixed up and mad as hell
It's like when you've been crying
And you're empty and you're full
I don't know what it is, it's hard to tell
It's like that there's some music, playing in your ear
But the music is impossible, impossible to hear
But then I feel it move me
Like a burning deep inside
Something bursting me wide open
Impossible to hide
And suddenly I'm flying
Flying like a bird
Like electricity, electricity
Sparks inside of me
And I'm free, I'm free
Electricity sparks inside of me
And I'm free, I'm free
Oh, I'm free





Se...

Se eu...

Se eu fosse...

Um objecto...

Se eu fosse um objecto seria uma ampulheta.

Uma ampulheta.

Pelo menos.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Porque há cerca de treze anos um menino foi salvo.
Obrigado, Professores.
A minha caligrafia de profissional e de pessoa é desenhada pelas vossas letras.
Obrigado, Amigos.
Pelos trampolins, com e sem rede.
Obrigado, Beatriz.
Afinal, 'para ver o Filipe feliz, era só falar na Beatriz'.
Simbiose até nos nomes. Filipe. Beatriz. Feliz.
Porque a noite de ontem, de re-encontros, deixou aquilo no ar.
Aquilo que paira, que não tem como, onde nem porquê.
Aquilo a que chamam felicidade.
Porque ontem é ante-ontem, hoje e amanhã.
Porque o homenzinho re-inventa-se e salva-se ainda com o menino de treze anos.

terça-feira, dezembro 09, 2008

MARIE JANINE - C'est drôle ce que continue et devient à être. Et moi, je rigole.


Quem não sabe quem é a Marie Janine, vide posts de Novembro e Dezembro de 2006.

Não gosto de publicitar as minhas viagens. Quer por texto. Quer por fotografias. Quer por conversas de café forçadas. Por norma. Apesar da forte tendência a repeti-las. Porque uma viagem é mais interior do que exterior. Provavelmente. Para mim. E porque sou mais leal aos meus. Amores. Felicidades. E mais fiel às minhas. Paixões. Alegrias.

Voltei a Paris. Quarta vez. A terceira foi um ano. Ao chegar, não me senti euforico. Nem indiferente. Expectante. Talvez. Para aprofundar melhor o que significou um ano. Ca. Com a distancia devida... Porquê algo apatico?

Medo de uma invasão nostalgica. Talvez. Nostalgia de me ter debruçado afincadamente sobre o meu parapeito. Essencialmente. De ter escrito mais poemas num ano do que em cada um dos anos anteriores. De ter vindo à procura de nada. E de tudo. De ter querido estar so. Depois de anos a ter deixado que me roubassem importante parte do tempo do meu âmago. E querido que me roubassem. Verdade seja dita. E de ca não ter querido comprar papel absorvente. Com desintoxicação internética. O paradigma do simplesmente so. Mas bem. Muito bem. O niilismo pleno. O inadvertismo pensado. A loucura. A liberdade. A felicidade. Não tanto a alegria.

Por nunca ter saido desta casa. Efectivamente. Talvez. Sim! Vivo os cheiros sem os cheirar. As pontes que guiei de bicicleta inumeras vezes sem as atravesar. As pedras que pisei sem as sapatilhar. As luzes sem as vislumbrar. A rede das ruas sem as rolar e sem me enganar. O vento pedalado sem me entranhar. A relva sem me deitar. O cheiro do RER. O truc-truc e o pfffuuum do para e arranca do metro. As fachadas. O melting pot à Parisiense. O esteticismo Frrranciu. Com mais ou menos classe. O monumentalismo ecléctico. As conversas. As caras. Nos sitios precisos (o revaldo de Champs de Mars esta agora vedado e a torre mascara-se durante a noite de azul com doze estrelas amarelas para orgulhar a Presidência Europeia). As divagações deambulantes. Os silêncios rejuvenescedores. As evasões. Condensadas. E diluidas. Estou de volta. E até da distribuição das prateleiras e dos produtos do supermercado me lembro. Das senhoras da caixa. Da rapariga 'das' crepes. E ha quem se lembre de mim. E não é pouco. Porque a essência, boa ou ma, paira, forte e certeira, entre os atentos. E consegue chegar.

Por ser Dezembro? Possivelmente. Não é o meu mês. Por certo. Para ja. Mas para saber o que é, tem-se de saber o que não é. E assim a expansão nasce com mais força depois da retracção. Um solo que não descansa ou onde não cai merda (a minimamente suficiente, por favor) é um solo esgotado. Potencialmente. E porque apercebi-me. Ao chegar. Que hoje não seria capaz de viver aqui. Mais de dois anos. No maximo. Ao contrario do que havia pensado outrora. Não apenas por causa de Dezembro e meses afins locais. Mas também. E pode ser que o mês esfrie os ânimos. Ha um lado positivo. (Quase) sempre. Afinal. E' uma questão de foco.

Estava melancolico. No terceiro dia. Uma melancolica de ter medo da propria existência. Fora o pleonasmo. Felizmente. Porque não sou nada masoquista. Raras e passageiras. As melancolicas. Ainda assim melindrosas. E muito. Coração que se sente enjaulado. Quanto mais bate. Mais apertado. Porque expande-se. Ao contrario das grades da jaula. E doi. E não é pouco. Dois terços de dia de melancolia. Na passagem do segundo para o terceiro terço, um rasgo. Chamado Marie Janine. Truz truz. Voilà. Porta reaberta. E aquele belo apartamento. Ao nivel dos telhados de toda a Paris. Com paredes decoradas ao centimetro. A' mão. Novamente meu. Dois copos de vinho do Porto. Alguns biscoitos. Dois sofas. E novas confissoes. Que entraram sem pedir licença. Profundas. Escondidas no escondedouro do esconderijo. Da amiga para o amigo. Sem importância de idades. Nacionalidades. Susceptibilidades. Ou outras ades. Comunhão de seres. - 'Posso pedir-te uma coisa?'. - 'Sim, claro'. - 'Tocas-me um pouco de piano?'. Pim pam pum psi pum pam pim. Uma perna dançarina. Dois ombros e um pescoço timidamente balançados. E um meio abraço de aura. Muito obrigado e felicitações à pianista auto-didacta. Sem pautas. De ouvido. Jantar em baixo. No restaurante da esquina. Esta frio para repetir o jantar no terraço do inicio de Verao de 2007. Mas ainda sinto o calor. A bebedeira que ambos apanhamos. Mais uma. A banda sonora cuja clave de sol foram as nossas conversas. As luzes de toda a Paris que se foram acendendo para nos. Mas agora no restaurante de toldo verde. Na esquina. Em baixo. E mais banda sonora. Sem bebedeira desta vez. Por ela quero voltar a Paris. Por ela ficaria em Paris. Ela, a Marie Janine. Não a bebedeira. E naquele momento, (re)apercebi-me que são essencialmente as pessoas que fazem os lugares concretos. Não os virtuais. E as recordaçoes. Mas não me arrependo nada dos quilometros e quilometros solitarios. No fundo, os extremos podem construir o equilibrio. Frequentemente, no teatro, experimenta-se a priori os exageros, incluindo dos clichés, para depois conseguir uma cena mais harmoniosa, limpa e generosa. E hoje partilho melhor as minhas casas porque desarrumei-as para re-arruma-las. Sem pressa. Sem grandes diarreias verbais. Mas no caminho do âmago. Afinal, no mesmo ponto passam infinitas rectas. Mas o ponto é a sua intersecção. So esta semana soube a sua idade. Setenta e nove anos. E fiquei contente. Por ter um banho de experiência de pessoa mais jovial do que outras pessoas mais novas de idade que conheço. Do que eu. Possivelmente. Por so ter sabido a sua idade cronologica passados mais de dois anos de a ter conhecido. Principalmente. E durante estes dois anos, a gravura que representa o nosso encontro, La brève rencontre, tem sido presença assidua no atelier, no apartamento principal, no apartamento secundario, em todas as exposiçoes. Como aquela a que fui ontem. E no meu quarto no Sul. E' preciso dizer que gosta de mim? Faz-me lembrar da minha madrinha. Parca nas palavras. Plena nas atitudes. E por isso, o rapazinho não via o quanto ela gostava dele. E mesmo que ela não fosse parca nas palavras... Ele tenderia a pensar que era por mera simpatia. So anos mais tarde, ao entrar no quarto dela, no leito da sua morte terrena, é que o homenzinho se apercebeu do quanto ela gostava dele. Ao ver fotografias do menino e do rapazinho espalhadas pelas prateleiras. E continua. A gostar. Do homenzinho. Agora. Faz-me também lembrar da algebra dos nascimentos na minha familia genetica. A minha mãe tinha onze anos quando o meu tio nasceu. O meu tio tinha os mesmos quando eu acordei para o mundo. O meu primo e primeiro afilhado (de sete - gosto do numero) veio um ano depois de eu ter dobrado a esquina da primeira decada cronologica. E o meu primo ganhou um irmão na mesma esquina. Somos pais aos vinte e dois anos. E aos trinta e três. Incluindo a minha querida avo. Dei a senha dos meus vinte e dois aos trinta e três do meu tio. Faltam-me sete para os trinta e três. Sete. Gosto. E fez-me lembrar porque na algebra das minhas melhores amigas de Paris, ha o intervalo aberto dos vinte. Trinta e nove. Magrebina instalada em Paris. Cinquenta e nove. Francesa obrigada a Paris. Setenta e nove. Parisiense pura. Marie Janine. A maioria dos teus cadernos continua por preencher. O meu esta preeenchido. Quase todo. Espirtitualidades? Creio que sim.

Na verdade, e segundo teorias actuais que reclamam o fim contemporâneo da adolescência aos vinte e quatro anos, Paris podera ter sido tão importante também pela coincidência (?) da passagem à vida adulta - o esclarecimento e afirmaçao efectiva, leia-se traduzida em actos, do que queremos ser, para onde queremos ir. Sem vergonhas. De nos. Ou perante os outros. Ainda que a portagem implicita da afirmação do ser seja importante quando decidimos entre virar à esquerda, direita, direrda, esqueita... Não raramente. Os argumentos postos em e à prova são mais maduros. Paris. Um sopro de existência. Re-invenção. Uma pegada no tempo. Mais uma linha do que recta. Fica aqui. Mas vem comigo.

Não somente, mas mais um amor do que uma paixão... Quarta vez e quartas descobertas, parecidas às infinitas diarias de outrora. Hoje. Afinal. Porque o tempo é uma espiral e os lugares sitios de cordas. E o amor... Ai o amor...

Aparições. Uma diaspora em afunilamento ecléctico. Ampulheta.

PS - A falta de acentos é culpa do teclado frrranciu.